Como se leva uma estrela para o céu?

"O poeta é um fingidor. Finge tão completamente, que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente." (Fernando Pessoa) Tal como o poeta, também eu finjo, imagino, invento e crio com as minhas palavras...

segunda-feira, agosto 18

Almost here...

Did I hear you right
'Cause I thought you said
Let's think it over
You have been my life
And I never planned
Growing old without you

Shadows bleeding through the light
Where the love once shined so bright
Came without a reason
Don't let go on us tonight
Love's not always black and white
Haven't I always loved you?

But when I need you
You're almost here
And I know that's not enough
And when I'm with you
I'm close to tears
'Cause you're only almost here

I would change the world
If I had a chance
Oh won't you let me
Treat me like a child
Throw your arms around me
Oh please protect me

Bruised and battered by your words
Dazed and shattered now it hurts
Haven't I always loved you

But when I need you
You're almost here
And I know that's not enough
And when I'm with you
I'm close to tears
'Cause you're only almost here

Bruised and battered by your words
Dazed and shattered now it hurts
Haven't I always loved you

But when I need you
You're almost here
Well I never knew how far behind I'd left you
And when I hold you your almost here
Well I'm sorry that I took our love for granted
And now I'm with you I'm close to tears
'Cause I know I'm almost here

Only almost here

domingo, maio 4

Promessas e expectativas

A vida é feita de promessa e expectativas. Eles prometem e elas esperam. Quanto mais eles prometem, mais elas esperam, quanto mais esperam, mais sofrem. E é a este ciclo que se chama amor.

Dizem que é o amor que nos faz viver, acordar mais um dia e vivê-lo. mas são mais as vezes que ele provoca “febres altas” e “dores de morte”, que aqueles em que nos faz acordar com um sorriso e mantê-lo todo o dia. A felicidade dura apenas um sorriso, um beijo, um abraço, mas não dura para sempre. O resto do tempo são expectativas, esperanças de um novo sorriso, um novo abraço, um novo beijo. O amor não é eterno, o que o faz durar tanto tempo são as promessas de amor eterno.

E quando é que a expectativa vai acabar? Quando acabarem as promessas? Mas com essas promessas vão-se as expectativas de ser feliz, nem que a felicidade seja só aquele beijo prometido e tão esperado.

A vida é feita de promessa e expectativas… A vida é feita de amor.


…Porque ela prometeu que seria feliz sem ele

e ele ficou na expectativa de que isso não fosse verdade…

terça-feira, abril 15

Lugares que sabem bem...

Já dizia a Mafalda Veiga, "há lugares que são pequenos abrigos para onde podemos sempre fugir". E é tão verdade!
Hoje sentei-me a ponderar quais os meus lugares predilectos, aqueles dos quais custa sempre tanto sair... E numa lista curta e simples (hoje não há muito tempo para textos elaborados), aqui fica a minha escolha =)

1) Em primeiríssimo lugar, isolada no topo dos topos, a minha cama!!!! Este é daqueles sítios onde passaria a maior parte do meu tempo, se me fosse possível. Custa-me tanto levantar naqueles dias em que a chuva bate nos vidros e eu estou confortavelmente deitada dentro dos lençóis quentinhos..... (Vá, pronto, no Verão não fico tanto tempo assim na cama, mas esta não deixa de ser fulcral para a minha felicidade loooool)

2) A banheira.... aiiii a banheira com a água quentinha a cair-nos pelas costas abaixo quando tomamos um duche relaxante, ou então longos banhos de imersão de ficar com os dedos engelhados... Gosto muitooooo da banheira! Custa sempre tanto sair para o frio cá fora quando lá dentro está tão quentinho...

3) Os amigos!! Para mim são daqueles lugares mais especiais, mais preciosos que temos. E são um lugar em si mesmos, pois não importa o lugar onde estejam, estar com eles é sempre bom, é melhor, é saudável! Faz bem à alma e ao coração =)

4) A minha cidade, a minha Lisboa, onde me encontrei e onde gosto tanto de me perder! Seja no "bairro jardim" dos Olivais, como nas ruas íngremes do Bairro Alto, como na confusão cosmopolita do Chiado, ou na beira calma do Tejo, nos jardins de Belém, ou nos inúmeros monumentos que a cidade tem para oferecer... Tanta coisa para ver, ouvir, sentir e saborear nesta pequena cidade com um tão grande espírito!

5) Outro lugar da alma é a praia, no vasto areal lambido pelas ondas salgadas. O barulho de fundo acalma o espírito e faz-me sentir em casa. No Inverno, a imensa calma desce sobre quem passeia deixando pegadas na areia. No Verão, o Sol, o calor e o mar apetitoso lançam um irresistível apelo dourado e sabe bem deixar dourar a pele coberta de gotas cristalinas. E depois, o Sol desce no horizonte e o encanto vai-se transformando, o romantismo cresce e a diversão mantém-se. Oh, saudades da praia e dos dias de Verão...

6) Neste sexto ponto vou alargar horizontes e vou dizer: o meu mundo, um sítio privilegiado e muito meu, onde todo o meu ser exulta por existir!! Os meus sonhos, fantasias, aspirações... Os meus medos, receios e hesitações... Guardo-os todos neste cantinho de mim, onde tendo a gostar de viver (nem sempre é possível nesta vida acelerada, mas, de quando em vez, quando o tempo mo permite, lá estou enfiada num mundo que é meu)!

7) E, como se costuma dizer, deixa-se o mais importante para o fim... E é aqui em sétimo (número mágico), que encaixo os teus braços, esse lugar que é o meu porto de abrigo! O teu mundo, que se entrelaça no meu, o teu olhar e a tua alma que me elevam e me protegem e me deixam descansar quando preciso... Tu, o meu lugar predilecto em todo o Mundo!! Contigo, todos os outros lugares ganham novos encantos e novas cores =)

---xx---

E agora que vocês já conhecem os meus lugares favoritos, aqueles que me aquecem o coração...
Quais são os vossos?? =)

sexta-feira, março 7

Não sei o que hei-de escrever: encontro-me vazia de palavras e tão cheia de coisas para dizer… Quero, acima de tudo, ser compreendida. Mas se as explicações que já dei, uma e outra vez, não surtem efeito, que mais posso eu fazer? Como posso explicar algo se já gastei todas as palavras a fazê-lo e continuo a ser ignorada? Por isso, desta vez, remeter-me-ei ao silêncio. Cansada de mais para procurar termos novos e soluções lógicas ou desculpas ilógicas… Farta de viver nesta incompreensão total de quem eu sou. Será assim tão difícil conheceres-me e perceberes o pouco que eu preciso para ser feliz? Talvez o meu pouco seja muito para ti e talvez vivamos na relatividade que existe nas palavras usadas em jogos de poder. Estou cansada… cansada de mais para continuar a jogar. Está na altura de parar e sentar-me no chão, no total silêncio da ausência de vocábulos, tentando ouvir a melodia sem letra do meu destino. E enquanto o mundo fora de mim corre veloz sob o Sol da Primavera, eu escuto o obscuro da minha alma e pergunto-me se saberei viver sem palavras…

Dharma & Karma

A dor é veículo de consciência, é o aviso automático de que nos estamos a desviar do caminho certo, do nosso Dharma...
Então qual é o meu caminho certo?

sábado, março 1


Smile.
Because it's the second best thing you can do with your lips...

domingo, fevereiro 10

St. Valentine's



Maybe I don't want to be alone on the Valentine's day.... It makes me feel...

lonely.

quinta-feira, janeiro 31

Vida de Estudante...

É meia-noite e meia de um dia perdido algures no meio da semana. As luzes fluorescentes da estação do metro ferem-me os olhos enquanto espero. Tenho uma dor de cabeça do tamanho do mundo e parece que tenho o mundo dentro da cabeça — resultados de quem passou os últimos dias a tentar decorar (e compreender) a matéria para o exame de hoje. E a matéria que tentei enfiar à força cá dentro não era nem metade da matéria programada para a disciplina…

O stress da época dos exames é avassalador! Calhamaços para estudar, textos para serem lidos para ontem, trabalhos para fazer sob a pressão do tempo que não perdoa e que corre veloz, cada vez mais veloz, nesta altura do ano.

“Tiveram o resto do ano para estudar”, dizem os professores. E têm razão. Só que, por vezes, é difícil conciliar tudo. Para além dos trabalhos e dos livros e dos apontamentos (e do possível part-time e das actividades extra-curriculares, que ficam tão bem no currículo de um aluno finalista), há também toda uma vida pessoal para gerir. Sim, também temos vida pessoal, embora os professores tenham tendência para se esquecer desse pequeno pormenor! Os nossos dias de trabalho chegam a durar mais de oito horas… Por isso, quando ao fim do dia me apetece ler um livro ou ver um filme, em vez de ir estudar aquela matéria de que não gosto nada, faço-o. Se não descansar a mente de vez em quando dou em doida! Se isso já quase acontece mesmo assim…

A verdade é que, neste tempo fugaz em que vivemos, alguma coisa tem de ficar para trás… E quando os professores agem como se a sua disciplina fosse a única que nós temos, aí as coisas tornam-se mais complicadas. Dizem que Bolonha veio trazer um contributo positivo ao ensino superior. Até hoje ainda não vi nada. Só o aumento da carga horária e o prolongamento das aulas dentro do período de exames e possivelmente outras coisas que em nada beneficiam a saúde física e mental do estudante… Neste momento, graças à minha monumental dor de cabeça, não me lembro de mais nenhuma…

O mais engraçado de tudo, é que eu adoro a vida de estudante e concordo com aqueles que dizem que estes são os melhores anos da nossa vida! Mas, nestes dias em que o cansaço pesa, o cérebro desliga e até o corpo se ressente, eu só penso em férias… E elas parecem-me tão distantes ainda!

O metro vem lá, finalmente. Vou para casa. Amanhã é mais um dia.

quarta-feira, dezembro 5

Uma questão filosófica...

Largo os livros de Filosofia no chão frio do quarto. São tantos silogismos e tantas falácias, mas a única coisa que eu consegui perceber ao certo foram os teus sofismas. Olho pela janela. As luzes nocturnas de Lisboa já não brilham tanto, ou será que eu as vejo de forma diferente? É lógico que tudo é diferente quando estamos apaixonados. Lá está ela outra vez a entrar nos meus pensamentos. Sento-me à mesa do computador de luz apagada, a única luz que brilha é a do monitor. Procuro o teu nome na lista de contactos do MSN. É lógico que não lá estás. Deves estar a ver as luzes de Lisboa, com "aqueles" olhos, aqueles que usávamos quando víamos juntos o mundo, aqueles de quando estávamos apaixonados e tudo era tão frágil e ao mesmo tempo tão seguro. Será que estas duas palavras dariam um silogismo válido? Provavelmente não. Vesti casaco e saí para a fria noite de Inverno, para a fria vida sem ti. Caminhei sem destino. Não sabia para onde ia, mas sabia que seria feliz sem ti! Ora aqui está um paradoxo. E lá está a filosofia outra vez na minha vida...
Acho que o amor não é nada mais que uma questão filosófica.

segunda-feira, outubro 22


A vida nem sempre é poesia...

e é nos tempos de prosa que aprendemos a viver...

domingo, outubro 7

O amor...

It's a secret no one tells:
One day it's heaven, one day it's hell...
It's no fairy tale!
Take it from me,
That's the way it's supposed to be...

You will fly and you will crawl,
God knows even angels fall...
No such thing as you lost it all...
God knows even angels fall...

Jessica Riddle, Even angels fall

quinta-feira, setembro 6


"How does love change?

A better question is:

how do we change because of love??

The answer:





Continuously.


Foolishly.


Endlessly."

quarta-feira, junho 20

Palavras...

Palavras… bonitas palavras que aquecem o coração, soltam as borboletas do estômago e fazem brilhar os olhos. Palavras que nos fazem sonhar com dias felizes, momentos de amor e cumplicidade. Palavras que representam a promessa de não repetir os mesmos erros, de fazer as coisas diferentes e tornar mais forte a ligação que nos une… Palavras que, mais que elas próprias, simbolizam momentos, pessoas, emoções… são recordações na distância e visões do futuro por vir. Aconchegam a alma e fazem-nos acreditar que não voltaremos a sofrer. Palavras sinceras, vindas do coração, ditas com carinho e intenção de serem cumpridas…
Mas, no fim do dia, são apenas palavras, levadas pelo vento e perdidas num recanto esquecido no baú poeirento da memória. Palavras facilmente ignoradas, rapidamente apagadas, que só ficam a doer, gravadas a fogo e sangue, na alma de quem as sentiu na pele… O suave sabor a amoras ainda no ar, agora esmagado pela mágoa de promessas não cumpridas e intenções esquecidas… Palavras ditas e não ditas que se afogam nas lágrimas salgadas e se perdem num tempo que não volta…

Porque no fundo, são só palavras...

terça-feira, junho 19

Why...

Why… do you always do this to me?
Why… couldn't you just see through me?
How come you act like this, like you just don't care at all?

Do you expect me to believe I was the only one to fall?
I can feel, I can feel you near me, even though you're far away
I can feel, I can feel you baby… why?

It's not supposed to feel this way
I need you, I need you more and more each day
It's not supposed to hurt this way
I need you, I need you, I need you
Tell me, are you and me still together?
Tell me, do you think we could last forever?
Tell me, why?

Hey, listen to what we're not saying
Let's play, a different game than what we're playing
Try to look at me and really see my heart
Do you expect me to believe I'm gonna let us fall apart?
I can feel, I can feel you near me, even when you're far away
I can feel, I can feel you baby… why?

It's not supposed to feel this way
I need you, I need you more and more each day
It's not supposed to hurt this way
I need you, I need you, I need you
Tell me, are you and me still together?
Tell me, you think we could last forever?
Tell me, why?

So go and think about whatever you need to think about
Go on and dream about whatever you need to dream about
And come back to me when you know just how you feel, you feel
I can feel, I can feel you near me, even though you're far away
I can feel, I can feel you baby, why

It's not supposed to hurt this way
I need you, I need you more and more each day
It's not supposed to hurt this way
I need you, I need you, I need you
Tell me, are you and me still together?
Tell me, do you think we could last forever?
Tell me, why?

Avril Lavigne

sexta-feira, junho 15

Não estou para ninguém...

Hoje, nem mesmo para ti...

sexta-feira, junho 8


— Um dia vou dar-te o meu coração!

— Mas as pessoas precisam do coração para viver. Depois como vives?

— Vivo com o coração que te hei-de roubar…

terça-feira, maio 1

Thinking Blogger Award






Antes de mais é preciso agradecer à HoneyWitch que premiou este blog com o Thinking Blogger Award, no seu Segredos aos Pedaços. O teu blog também me faz pensar, sentir, sonhar... =)

Agora é a minha vez de nomear outros cinco blogs que me façam pensar...

Letras Soltas

Instantes Inquietos

In-Somnus

Monstros no Armário

Grandi Attimi



Entrego agora aos escolhidos a tarefa de elaborarem
as suas próprias listas... (e que tarefa difícil que é!!) Boa sorte!

sexta-feira, abril 6

Distância

Sinto-te distante… Distante de mim e perdido nos teus sonhos, que transportas nas palmas das mãos com o maior cuidado para que não caiam ao chão e se estilhacem em mil fragmentos de simples vidro, quando nas tuas mãos eram puro cristal. Cuidas deles como quem trata de um bebé, todos os dias os alimentas um pouquinho mais, enrolados em nuvens fofas de algodão, bem alto lá no céu, onde perdes horas e horas a sonhar… Costumo dizer-te que tens a cabeça nas nuvens e é verdade.
Tu tens a cabeça nas nuvens, mas eu tenho os pés no chão. E o chão fica tão longe de ti… Estou sentada na terra húmida da chuva, lágrimas que alguém deixou cair por mim, e fico à espera. Olho o mundo em meu redor, as barreiras que crescem à minha volta e que eu nem sempre tenho forças para destruir… Gostava que tu as derrubasses novamente, como fizeste há tanto tempo, mas tu estás mais ocupado com os teus sonhos, com o teu mundo de nuvens brancas. Demasiado ocupado para te lembrares de mim, aqui esquecida na terra molhada… Oh, como queria que te lembrasses da minha existência, como queria que pegasses em mim nas palmas das tuas mãos e me cuidasses como cuidas dos teus sonhos de cristal, me pousasses numa nuvem e me transformasses no teu futuro… Mas enquanto espero sentada no chão, olhando o mundo que se agiganta à minha volta, sei que tal não é possível, porque a terra onde moro fica a uma vida de distância do céu onde vives…

sábado, março 31

Perdida...

Sentou-se num dos bancos que ficavam defronte do rio, um livro aberto no seu colo, os olhos perdidos na imensidão cinzenta à sua frente. Do outro lado das águas turvas, a margem sul, com os seus campos e estradas, prédios e pessoas com as suas vidas, completamente ignorantes da existência daquela rapariga de olhos postos no rio…
O Sol escondera-se por detrás de nuvens escuras e o vento frio e cortante revolteava-lhe os caracóis negros e fustigava-lhe as roupas. Não se importava. Com uma clareza desconcertante, achava que o dia se adequava ao seu estado de espírito… nublado, triste e sombrio…

Baixou o olhar e tentou concentrar-se no livro que trouxera, mas as letras bailavam à sua frente sem que as compreendesse e depressa a sua atenção voou para longe. Sentia-se inquieta, vazia e cheia ao mesmo tempo, completamente incompleta… Perdera algo algures no caminho e não conseguia perceber o quê. Teria sido o seu sorriso? Não se conseguia sequer lembrar se alguma vez o tivera. Mesmo assim, deambulara em busca dele e chegara àquele banco sem saber muito bem como… Talvez fosse o destino a trazê-la ali, a fazê-la olhar para o outro lado do rio e a deixar o espaço ao seu lado livre… Talvez se ficasse muito quieta e esperasse, pacientemente… talvez… alguém viesse ocupar o banco ao seu lado e lhe trouxesse o sorriso de volta. Talvez aí o Sol voltasse a brilhar e ela já não se sentisse tão perdida...

quarta-feira, fevereiro 14

...

Hoje não há palavras a voarem, soltas da minha pena de tinta negra…


Hoje não há pensamentos coerentes e ordenados, racionalmente expostos em frases bem elaboradas…


Hoje
só há sentimentos, atabalhoados dentro do meu peito, sentimentos confusos, imprecisos, misturados com o sal das lágrimas e com o mel que ainda resta dos teus beijos…



quinta-feira, fevereiro 8



Hoje vestiu-se à mulher.

Os cabelos muito bem penteados, a roupa escolhida ao pormenor, o rosto pintado na perfeição… A segurança no andar, o silêncio quebrado pelo bater rítmico dos seus saltos no mármore negro do chão, a cabeça erguida numa atitude decidida e confiante. Vestiu-se à mulher para ver a reacção que isso provocaria em ti. Essa mesma reacção que tiveste ao fixares o olhar nela por mais de dois segundos, um esboço de sorriso a brincar no canto dos teus lábios, os gestos parados no ar, enquanto ela caminha resoluta na tua direcção. Pára a dois passos de ti, segurando um sorriso trémulo nos lábios escuros, os olhos nervosos procurando a tua aprovação, quem sabe um elogio… O silêncio prolonga-se agora que os seus passos deixaram de se ouvir, desce como um manto sobre vocês os dois e tu olha-la, a tua menina-mulher, especada à tua frente e esperando por ti. As palavras correm velozes na tua mente, mas a tua boca não se abre, enquanto a esperança decai nos olhos negros que se fecham lentamente, para que as lágrimas morram antes sequer de nascerem. Ergues a mão e tocas-lhe ao de leve, mas não dizes as palavras certas, não lhe alivias o coração cada vez mais pesado e a alma cada vez mais triste. No instante eterno em que durou o teu silêncio ela virou costas e partiu, ocultando por detrás de uma aparência perfeita a mágoa juvenil de um coração ainda a crescer.

Porque ela hoje vestiu-se à mulher
mas tu conseguiste, como sempre consegues,
fazê-la sentir-se uma menina

sexta-feira, janeiro 12

Apetecia-me fugir daqui! Fugir para bem longe, para um lugar onde não houvesse relógios, prazos, trabalhos e responsabilidades… Um daqueles sítios mágicos em que cada momento vale aquilo que vale, numa sucessão ininterrupta de emoções e pensamentos.

Queria fugir, mas queria levar-te comigo! Nesse lugar intemporal seríamos apenas um do outro, sem que terceiros requeressem constantemente a nossa atenção… Como seria bom, passar manhãs inteiras na tua companhia, ainda na cama a ouvir a chuva bater com força nos vidros das janelas, passar as solarengas tardes a preguiçar, enquanto me depositas beijos lânguidos na pele quente do Sol, passar as intermináveis noites a passear num mundo de sonhos, sentindo a Lua acariciar o nosso enlevo de amantes… Olhos fechados e mãos dadas numa viagem alucinante num tempo e espaço só nosso e de mais ninguém!

E quando finalmente os dias tivessem quarenta e oito horas e os prazos se estirassem até ao infinito, suavizando as responsabilidades e os trabalhos, então voltaríamos à realidade… apenas para um dia fugirmos de novo.

sábado, dezembro 2

Eram quatro da tarde e o céu estava cinzento e coberto de nuvens. Tu conduzias o teu Renault Clio azul-escuro metalizado de três portas. Estavas tão atento à estrada que nem reparavas que a minha atenção ia toda para ti. Comecei a olhar para ti, para o teu cabelo escuro e penteado ao pormenor. Será que perderias mais tempo com ele do que comigo? Não, eu sei que não... Olhei para as tuas mãos que seguravam o volante. Era tão bom quando me seguravam e me asseguravam que era eu.
Tu olhaste para mim com um ar confuso. Eu olhei para os teus olhos cor de chocolate, daquele que nós comíamos enroscados no cobertor quando víamos um filme. Olhei para a tua boca, para os teus lábios cheios e rosados que me sabiam sempre tão bem... Só depois de te olhar em pormenor reparei no olhar que me dirigias. Sorri-te.
Tu tiraste a mão do volante e pousaste-a sobre o meu joelho. Estava quente. Até mesmo com o frio que estava tu não arrefecias, tu não mudavas. Olhei para a janela sem soltar uma palavra. Lá fora caíam gotas pequenas e luminosas.
De repente, paraste num semáforo e quebraste o silêncio:
- Tu sabes que eu te amo, não sabes?

Sabia, claro que sabia. Mas era sempre bom relembrares-me isso, para eu ter a certeza, embora já a tivesse. Às vezes achava que não sabia, que tu só estavas ali porque... porque sim. Mas depois sorria e pensava "Porque sim não é razão." Eu sabia que tu gostavas de mim e tu também sabias que eu gostava de ti, se calhar por isso é que às vezes nos esquecíamos e sentíamos vontade, necessidade de o relembrar ao outro. Pus a minha mão por cima da tua. Ao contrário da tua, a minha estava fria como o gelo, mas senti-a aquecer (senti todo o meu corpo quente) ao encontrar a tua. Cheguei-me para ti e dei-te um beijo na face, daqueles a que tu chamavas "fofinhos", e respondi-te ao ouvido:
- Mas isso tu já sabes.

sexta-feira, novembro 10

Almas...

Um dia, a tua alma sussurrou baixinho ao meu ouvido, confessando-me que querias que eu fosse tua… Lembro-me que enrubesci e baixei os olhos, fugindo ao pedido e pondo o coração a salvo de possíveis amarras de cetim que tivesses escondidas dentro do teu peito. Tinha medo. Medo de me perder em ti, medo de não mais ser capaz de me achar sozinha, medo de que um dia fosses embora e eu já não soubesse viver… Passadas tantas vidas, continuo a ter medo. Mas desta vez o coração já não obedece ao meu comando, e a alma entrega-se sem pensar nas consequências, sem pensar em amarras ou prisões. E quando tu chegas perto, ela grita-te a plenos pulmões num silêncio abafado o quanto se deseja entregar, o quanto anseia por fazer parte de ti… E eu vejo-me impotente perante tamanha vontade, perante tamanha certeza.

Desta vez, vamos deixar as nossas almas falarem uma com a outra, sim?
Elas sempre foram muito mais inteligentes que nós…

sábado, outubro 28




Each single day a tear remains unshed in the pages of the book of my life......
One day I'm going to swim in the ocean of my sorrows...

quarta-feira, outubro 25

Silêncio...

...não fales, não digas nada, mantém este silêncio confortável em que chegaste, deita-te aqui ao meu lado e deixa-me murmurar-te ao ouvido histórias suaves e macias, que sabem bem à alma… Já te contei a primeira vez em que te vi? Ou aquela outra vez em que o meu coração saltou só porque me tocaste ao de leve? E aquele beijo trocado no silêncio de um olhar, e o segredo sussurrado por lábios entreabertos, e o teu sabor e o aroma que ainda hoje me persegue… Beijaste-me a testa e tocaste-me a alma, bem fundo, roubando-me o coração. Foste tu que o roubaste ou fui eu que to ofereci, sem sequer me aperceber? Não sei…
E nestes momentos em que ficas deitado junto a mim, olhos fechados e sonhos calmos, enquanto te passo os dedos pelos cabelos revoltos, suspirando e agradecendo silenciosamente a tua companhia, não importa quem é de quem, ou quem conquistou quem… Importa apenas que somos um do outro, que somos de nós e que estamos juntos…

Suspiras no teu sono tranquilo. Estarás a sonhar comigo?

quarta-feira, outubro 18

Shhhh

Calem-se todos!

Preciso de me ouvir pensar...

terça-feira, outubro 17

Feita de vento...

Encontrei-te hoje por acaso, no mesmo local onde te deixei da última vez que te vi.
Não mudaste nada, à excepção do cabelo mais curto (quando cortaste essas tuas suaves madeixas?) e dos olhos mais sombrios, mais sábios, mais velhos… Afinal, também o tempo por ti passou, ensinando-te e obrigando-te a crescer. Só espero que não tenha sido muito duro contigo, tu não mereces. Sempre foste um doce, um amor, o tipo de pessoa por quem todos se apaixonam, com quem todos querem estar, agracias quem está à tua volta com essa tua luz dourada de harmonia, sabes cativar… Afinal, cativaste-me a mim! E o tempo que passei contigo foi mágico, como só tu sabes fazer. Mas (porque será que tudo na minha vida tem de ter um ‘mas’?) esse tempo que desfrutei na tua companhia cedo acabou. A culpa não foi tua, foi minha que sou feita de vento e voo com a brisa nocturna, procurando nuvens distantes e estrelas perdidas…
E assim parti, seguindo o vento que me soprava ao ouvido aventuras ainda por viver. Nem sequer olhei para trás, deixando-te só naquela praça coberta de neve e luzes de Natal (a mesma praça onde hoje te encontrei — mudou a estação, mudaram as cores, mudámos nós, mas a praça permanece para sempre igual ao que me lembro dela…). E passado tanto tempo, logo te havia de encontrar hoje, logo aqui, olhando para mim com esses teus olhos profundos, carregados de sabedoria e experiência e também surpresa por me veres chegar assim, do nada, àquela praça que para sempre será nossa.
Não temas, no entanto. Não vim para mudar novamente a tua vida e virá-la de pernas para o ar. Vim apenas porque o vento me empurrou na tua direcção ao caminhar por estas ruas, porque senti subitamente a falta do amigo que sempre foste e da companhia que sempre me fizeste (ser feita de vento é muito solitário, sabias?). Assim, pergunto-te se me posso sentar ao teu lado por um momento, naquele banco de madeira onde um dia gravámos os nossos nomes. Ainda sem fala, acenas com a cabeça e eu encosto a minha ao teu ombro, saboreando o contacto tão familiar do teu corpo. Dizes então baixinho ao meu ouvido, como se tivesses medo de me afugentar:
— Eu gostava de te dar um beijo e um abraço de boas-vindas, mas tenho medo de te deixar escapar por entre os dedos…
— Hoje não vou a lado nenhum. — respondo no mesmo tom, esperando que os teus lábios toquem os meus.
E quando tu me beijas, eu fecho os olhos e os ouvidos também, abafando o chamamento do vento, meu irmão, que me espera impaciente.
Mas esta noite, só por esta noite, sou novamente tua.

segunda-feira, setembro 25


"Roubas-me as palavras à mesma velocidade com que o Sol passa sobre as árvores, a areia da praia, o mar... Como posso agora dizer-te o que quer que seja, ou mesmo pedir-te alguma coisa? Terás de devolver-me o alfabeto, um dia destes, ou corremos o risco de continuarmos a falar só com as mãos, os olhos e o resto do corpo..."


José Fer

quarta-feira, setembro 20

Compreensão

Compreensão foi o que sempre me pediste. E compreensão foi o que sempre te dei, até ao dia em que deixei de te compreender…